segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Menino do Engenho


Menino do Engenho, de José Lins do Rego, retrata a vida de Carlinhos, um menino que após um conflito familiar, vai morar com o avô, um senhor do engenho, no interior paraibano. Porém, mais do que focar apenas o protagonista, o autor aborda a situação sócio econômica dos engenhos de açucar, a pobreza nordestina e as crendices populares. O livro, publicado em 1932, foi a estréia de José Lins do Rego. Sua sequência é o livro Doidinho.

Logo cedo, Carlinhos passa por diversos problemas, incluindo a morte de sua mãe, assassinada por seu marido senil. Tal fato faz com que Carlinhos vá para fazenda de seu avô, um rico proprietário de terras e explorador de mão de obra escrava. José Paulino, como era chamado, apresenta-se pelo narrador-protagonista, inocentemente, como um homem bom, um "santo que planta cana". Carlos, demonstra enorme inocência para com a sociedade da época, tanto é que, no decorrer do tempo, adota pensamentos machistas, além de não demonstrar pena com as famílias exploradas. Os explorados, negros e negras, se faziam presente nessa época. Havia uma espécie de segregação. Apesar de tudo, Carlos, como uma criança livre, ainda sim parava para ouvir algumas histórias dos empregados e até mesmo brincar com eles. Sua vida era se divertir, viver largado no engenho.
Talvez por ter passado por tamanha injustiça na vida, Carlos passa a receber cuidados especiais e se torna uma criança mimada. E assim, desenvolve uma espécie de asma, o que o deixa ainda mais carente de atenção. Um curioso detalhe da obra, é a forma de como a sexualização do protagonista é precoce. Carlinhos apreciava bois e ovelhas de uma outra forma, o que fez com que o mesmo desenvolvesse um certo tipo de fetiche sexual por tais animais. Outro fato, são os abusos sexuais em negras era constantes por parte dos senhores do engenho, Carlinhos também vem a ter relações sexuais com uma escrava, o que faz contrair uma doença venérea. Aos quinze, Carlos vai para um colégio interno e deixa o engenho do avô.

Menino do Engenho é nada mais do que o retrato de uma sociedade de dominadores e dominados, onde o "menino do engenho", assim como o título, vive sem maiores preocupações do que a de um simples menino.