quinta-feira, 7 de abril de 2011

Algumas leituras


Segue duas leituras que eu fiz no último mês, com comentários extremamente breves.

Guerra Mundial Z: Um livro do Max Brooks, o mesmo talentoso rapaz que escreveu o Guia de Sobrevivência a Zumbis. Trata-se de um livro com depoimentos (apresentados como verídicos) de pessoas que sobreviveram a uma apocalipse onde zumbis invadiram o planeta. O formato como o livro é apresentado é até inovador, no entanto, cai em velhos clichês, quanto ao surgimento do vírus, por exemplo, onde a culpa cai sobre países de terceiro mundo. Destaque para o depoimento de civis.

Fabulário Geral do Delírio Cotidiano - Charles Bukowski : Clássico. Dezenas de contos do mestre pervertido e bêbado Bukowski, onde ele apresenta seu cotidiano de forma aberta: o difícil trabalho como entregador de cartas, seu vício em corridas de cavalos, os amigos retardados, a alergia a universitários, suas bebedeiras, perversões e etc. Tudo isso vindo do homem que só começou a publicar seus poemas e contos depois dos 40.

Junqueira Freire


Recentemente, houve um trabalho de português sobre autores do Romantismo. O meu autor era um tal de Junqueira Freire, rapaz talentoso que morreu jovem, por problemas cardíacos.
As apresentações dos autores foram extremamente horríveis, sem exagero, serião!
Por exemplo, eu esqueci de citar trechos das obras do Junqueira Freire. Tá certo que o homem não escreveu tantos livros, mas poxa Victor, esquecer de citar trechos de obras do autor em um trabalho do tipo é, no mínimo, caso grave no Tribunal da Literatura.
Mas enfim, tentarei corrigir esse grave erro aqui no blog.

Vou falar brevemente sobre Inspirações do Claustro, primeiro livro do autor (quem quiser ler, é só clicar aqui, esse link é para uma segunda edição do livro, que é acompanhada de uma espécie de juízo crítico)

MEDITAÇÃO
Junqueira Freire
I

Gosto de meditar de noite, ás vezes,
Como um infante,
Espasmado no olhar, fitando o corpo,
Que tem diante.

Gosto de meditar de dia, ás vezes.
Como o ancião,
A quem ideas se erguem do passado
Em borbulhão.

O infante, o ancião I — os dois extremos
Da existência ;
Um à vida, outro á morte, eguaes amostram
Egual tendência.

Este é planta mimosa, delicada.
Esperançosa :
AquelFoutro hasteada e quasi murcha.
Colhida rosa.

O período em que Junqueira Freire permaneceu no claustro foi extremamente frustrante para um amante da "liberdade" como era o escritor. E Inspirações do Claustro revela mais ou menos isso, sua longa e dramática estadia em um mosteiro.
Escolhi um trecho de Meditação, para mostrar o forte sentimento de escapismo que Inspirações do Claustro demonstra, já que a meditação provavelmente é uma ótima forma de distração. É uma pena que logo quando Junqueira Freire vazou/partiu/foi embora/saiu fora do claustro, o escritor iria vir a morrer poucos anos depois. Eita cara azarado!


Referência: http://www.archive.org/stream/inspiraesdoclau00freigoog/inspiraesdoclau00freigoog_djvu.txt (o livro transcrito para o computador)

sábado, 30 de outubro de 2010

Mundo Pet




Esse post vai ser meio rápido. Mas vamos lá.
Mundo Pet, de Lourenço Mutarelli, é uma coletânea de hqs experimentais que o Lourenço fez para um site chamado cybercomix. Mas o "lance" da esquisita história em quadrinhos, no bom sentido, não é virtual. Essa HQ eu tenho em minhas mãos há algum tempinho, se não me engano, desde 2007, apesar dela ter sido publicada em 2004.
112 páginas coloridas. Sim coloridas, ao contrário do que costumamos ver no trabalho de Mutarelli.

Bem, Lourenço dispensa comentários em Mundo Pet. Especificamente em Mundo Pet, o autor parece que tem mais liberdade ao trabalhar, por não seguir precisamente um enredo. Seu trabalho nesta HQ segue uma linha mais experimental, surrealista e escatológica. Ele também usa de muitas metáforas em praticamente todas as histórias. Eu não vou bancar o pseudo intelectual e tentar decifrar publicamente o que ele quer dizer nelas, entretanto, quem pretende ler a HQ, deve se lembrar que é impossível ficar apenas no superficial de algo escrito por Lourenço.

Eu já li coisas mais experimentais, mas sem qualidade, ao contrário da obra de Lourenço.
Ah, praticamente todas as histórias que contém no livro são autobiográficas, mas muito diferente daquelas velhas autobiografias que se lê por aí.
Em Mundo Pet, há uma história muito interessante, em que ele justifica o porquê dele fazer quadrinhos. Nela, há uma espécie de cachorro-homem-freak que entra no cérebro do autor e começa a literalmente ferrar com o cara . E esta criatura estranha o obriga a fazer quadrinhos, como se Mutarelli fosse um escravo da própria mente.

Irei dar uma dica pra quem quiser conhecer o trabalho de Lourenço Mutarelli: Fuck Yeah Mutarelli. Esse tal tumbrl é um negócio que virou moda , além de ser impossível de pronunciar em voz alta. É tipo um blog. Esse do autor é feito por fãs dele, mostrando vários scans de hqs e zines do cara.






















(Clique nas imagens para melhor visualização)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Menino do Engenho


Menino do Engenho, de José Lins do Rego, retrata a vida de Carlinhos, um menino que após um conflito familiar, vai morar com o avô, um senhor do engenho, no interior paraibano. Porém, mais do que focar apenas o protagonista, o autor aborda a situação sócio econômica dos engenhos de açucar, a pobreza nordestina e as crendices populares. O livro, publicado em 1932, foi a estréia de José Lins do Rego. Sua sequência é o livro Doidinho.

Logo cedo, Carlinhos passa por diversos problemas, incluindo a morte de sua mãe, assassinada por seu marido senil. Tal fato faz com que Carlinhos vá para fazenda de seu avô, um rico proprietário de terras e explorador de mão de obra escrava. José Paulino, como era chamado, apresenta-se pelo narrador-protagonista, inocentemente, como um homem bom, um "santo que planta cana". Carlos, demonstra enorme inocência para com a sociedade da época, tanto é que, no decorrer do tempo, adota pensamentos machistas, além de não demonstrar pena com as famílias exploradas. Os explorados, negros e negras, se faziam presente nessa época. Havia uma espécie de segregação. Apesar de tudo, Carlos, como uma criança livre, ainda sim parava para ouvir algumas histórias dos empregados e até mesmo brincar com eles. Sua vida era se divertir, viver largado no engenho.
Talvez por ter passado por tamanha injustiça na vida, Carlos passa a receber cuidados especiais e se torna uma criança mimada. E assim, desenvolve uma espécie de asma, o que o deixa ainda mais carente de atenção. Um curioso detalhe da obra, é a forma de como a sexualização do protagonista é precoce. Carlinhos apreciava bois e ovelhas de uma outra forma, o que fez com que o mesmo desenvolvesse um certo tipo de fetiche sexual por tais animais. Outro fato, são os abusos sexuais em negras era constantes por parte dos senhores do engenho, Carlinhos também vem a ter relações sexuais com uma escrava, o que faz contrair uma doença venérea. Aos quinze, Carlos vai para um colégio interno e deixa o engenho do avô.

Menino do Engenho é nada mais do que o retrato de uma sociedade de dominadores e dominados, onde o "menino do engenho", assim como o título, vive sem maiores preocupações do que a de um simples menino.


sábado, 1 de maio de 2010

O Dobro de Cinco


Desde de que eu me conheço por gente, e não, isso não aconteceu há alguns meses, eu leio quadrinhos. Começei com as clássicas HQs americanas e hoje estou em outra . E se tratando de material underground, os brasileiros tem boa fama. Um belo exemplo é um cara chamado Lourenço Mutarelli, que faz um trabalho genial tanto nos quadrinhos quanto nos livros e no cinema.
Bem, nada mais justo que eu postar uma HQ dele aqui.

O Dobro de Cinco


"O Dobro de Cinco" eu li há algumas semanas, achei escondido numa caixa antiga do meu irmão. Fiquei intrigado quando começei a folhear aquelas páginas em preto e branco, observando o traço e as palavras genias de Lourenço Mutarelli. A HQ se trata basicamente de um detetive chamado Diomedes que, à ordem de um misterioso cliente, parte em busca de um
mágico sombrio chamado Enigmo.

Diomedes não é nenhum detetive galanteador que nem os dos filmes noir dos anos 40 e sim um homem de mal gosto, aparentemente pobre e marido de uma mulher nada fiel. Mas apesar de tudo, um homem corajoso que sempre sonhou em sair com seu Ford atrás de um caso sombrio. A oportunidade surge quando Hermes, um rapaz totalmente reservado, busca a sua ajuda para encontrar um antigo mágico, o tal Enigmo.

Assim, Diomedes segue uma jornada de mais de 100 páginas ,"enfeitado" de personagens bizarros e situações que misturam humor negro e loucura. O lugar não poderia ser mais empolgante: um circo.
Pelo clima, "O Dobro de Cinco" é o "Sin City" tupiniquim.


Ah, e já e ia esquecendo, o ambicioso Lourenço Mutarelli desenvolveu uma trilogia do célebre personagem Diomedes. Então, além de "O Dobro de Cinco", temos "O Rei do Ponto" e a "Soma de Tudo". Infelizmente eu não li estes últimos, vivemos em um lugar onde não temos acesso a este tipo de material, por isso a iniciativa é fazer o download.




segunda-feira, 5 de abril de 2010

Mofo

Por enquanto vai continuar mofando até eu criar vergonha na cara e postar algo.

Até!